Biografias

 

As Vidas de Jésus Gonçalves


O ÓDIO = O TERROR = O INIMIGO

Alarico,
O Grande, Rei dos Visigodos.

Século IV

Alarico, O Grande, general e chefe maior dos Visigodos, esmagou Roma no início do século V. Treinado nas técnicas da guerra dentro do Império Romano devastou a Trácia, a Grécia e a Itália, marcando o fim de uma Era.

Acreditava ter o mundo aos seus pés.

Em encontro com Santo Agostinho, então bispo de Hipona, no ano 410 D.C., diz quando este vai pedir humildemente ao cruel general que não seja impiedoso na invasão a Roma, oferecendo em troca a sua própria vida em favor do povo romano: "Eu sou o teu Deus, não me fale em nome de outro Deus...”.

No entanto, o encontro com o Sacerdote Santificado, suas palavras inspiradas nos ideais cristãos, marcaram de alguma forma a alma do guerreiro, como semente de misericórdia que só viria a amadurecer séculos e vidas mais tarde. Naquele tempo, apesar de todo ódio e sede de poder e de conquista do general, ocorreu que durante a sangrenta invasão a Roma os Templos Cristãos da cidade foram misteriosamente poupados e o povo da cidade, inclusive os pagãos, pôde buscar proteção naqueles Templos.

Após o saque, Alarico ficou pouco tempo em Roma. Seu fascínio pelo poder leva-o a tentar dar o último golpe no Império e ele parte em direção à África. Com essa conquista ele seria confirmado como o mais poderoso imperador da Terra, naquele tempo.

No entanto, uma forte tempestade destrói seu exército e Alarico morre pouco depois, em Cosenza (Itália). Seus soldados, para evitar a profanação de seu túmulo, enterram-no no leito do Rio Basento, matando posteriormente os escravos usados para desviar o rio a fim de que não revelassem o local do sepulcro do guerreiro.

Desencarnado, defronta-se, na Pátria Espiritual, com o horror dos seus crimes. Por pedido seu e com a concórdia das Esferas Espirituais, volta a Terra como Alarico II, novamente no comando e no seio do seu próprio povo. Apesar de todo arrependimento vivenciado no Plano Espiritual, não se desvencilha de sua ânsia de poder e glória e acaba sucumbindo a esta prova.

 

A INSISTÊNCIA NAS TENDÊNCIAS INFERIORES

Alarico II,
8º chefe dos Visigodos.

Século V - VI

Suas tendências inferiores ainda estavam muito arraigadas na essência de sua alma. Investido dos mesmos poderes de sua encarnação pretérita, não consegue ainda desta vez, refrear as inclinações ambiciosas de seu caráter, sucumbindo às promessas de redenção consignadas no Plano Espiritual. As guerras e conquistas territoriais continuavam sendo seu móvel principal, muito embora não conservasse mais, em grau tão marcante, a crueldade com que na existência anterior escrevera páginas negras na História Universal.

Seus domínios abrangiam a Espanha (exceto a Galiza), a Aquitânia, o Lanquador e a Provença Ocidental.

Alarico II desencarna na batalha de Vouillé (próximo a Potiers, França), travada em 507, contra o então rei dos Francos, Clóvis, pela posse da Aquitânia (sudoeste da França).


 

 A OPORTUNIDADE DA REGENERAÇÃO

 

Armand Jean du Plessis Richelieu,
o Cardeal Richelieu

Século XVI - XVII, França

A próxima encarnação que se conhece desse Espírito é em terras francesas como o poderoso Cardeal Richelieu. Investido de grande poder, defendeu o absolutismo real e foi, por 18 anos, o homem mais poderoso da França, como primeiro-ministro.

Nascido em 9 de setembro de 1585, estudou os princípios do Cristo na Igreja Católica, onde atingiu alta posição perante o clero, mas se destacou mesmo como político e estadista, se tornando uma das mais notáveis figuras do regime monárquico francês, cujas mãos duras e inteligentes detiveram o poder político da França, acima mesmo do rei Luís XIII.

Homem de ação, militar completo, católico fervoroso e político de extrema habilidade, soube contornar todas as intrigas e se manter no poder, conservando a confiança do Rei até o fim de seus dias. Assim estabeleceu as bases do absolutismo real francês, e suas obras foram posteriormente estudadas por Luís XIV, Napoleão Bonaparte e pelo general de Gaulle. A razão do Estado era sua razão de ser: não teve piedade daqueles que, em sua opinião, enfraqueciam o reino da França.

"O homem é imortal, sua salvação está no outro mundo; o Estado não, sua salvação é agora ou nunca."

“... para mim existem dois deuses: Deus e a França."

Em encontro com São Vicente de Paula, o Cardeal ouve o pedido amoroso do Santo dos Pobres: “Clementíssimo Senhor, dá-nos Paz, tem compaixão de nós”.

 Dá paz a França!

Mas não se deixa tocar: seu zelo excessivo e terrível pelo seu país e pelo seu governo foi capaz de justificar aos olhos dos homens, que o temiam e o admiravam, as guerras internas e externas pelas quais a França, nação então hegemônica na Europa, enveredou em nome de ideais estadistas fanáticos, colocados acima de todos os ideais humanos, proporcionando espetáculos de sangue e deixando muitos povos na miséria.

 


A GRANDE REGENERAÇÃO DO ESPÍRITO PELA DOR E PELA MISERICÓRDIA DE DEUS

Jésus Gonçalves,
o Poeta das Chagas Redentoras.

1902 - 1947, Brasil

Início do Século XX, a Pátria do Evangelho recebe este espírito comprometido com a Lei de Deus em busca da sua pacificação através de provas ásperas e redentoras, chagas redentoras...

A Lei Divina dá-lhe nova chance e nascido no Brasil, em 12 de julho de 1902, deixa a todos nós o legado da conversão pela dor e a certeza da misericórdia do Pai de que a travessia para a luz, apesar de todos os nossos crimes de sempre, é inevitável. A Lei de Amor se expressa no arrependimento e o arrependimento expressa-se na reparação.

 

O Poeta das Chagas Redentoras


 

Jésus Gonçalves nasceu no dia 12 de julho do ano de 1902, em Borebi, interior de São Paulo. E logo, aos três anos de idade, sua mãe desencarna por conta de um tumor no intestino. A maior parte de sua infância, ele passa em Agudos - pequena cidade próxima à Borebi -, tutelado pelo tio.

 

 Com quatorze anos ele volta, com sua família, para a sua cidade natal, onde começa trabalhar temporariamente na Fazenda Boa vista, como cultor e beneficiador, ora de algodão, ora de café. Foi nessa época também que ele tem uma pequena iniciação na música e começa tocar um velho "baixo de sopro". Assim ele forma uma pequena banda, com o nome de "Bandinha de Borebi".

Seu espírito de liderança e sua personalidade marcante fazem-no ficar conhecido no vilarejo. Sempre se esforçava para que as quermesses e festas locais obtivessem um grande êxito.

Aos 17 anos muda-se para Bauru, onde freqüenta um colégio - Colégio São José - por algum tempo, não o suficiente para conseguir o diploma do ginásio.

 

Trabalhando como Tesoureiro da Prefeitura, já com seus 20 anos, Jésus casa-se com Dona Theodomira de Oliveira, viúva com duas filhas. Oito anos depois, em 1930, ela desencarna por causa de uma tuberculose, deixando-o sozinho, cuidando de seis filhos.

 

 

 Nessa época ele, além de trabalhar na prefeitura, Jésus participa da "Jazz Band de Bauru" - como era conhecida a banda da Prefeitura de Bauru - tocando clarinete. Ainda nas artes, ele também atuava e dirigia peças de teatro, de autoria própria, nos teatros de Bauru e de cidades vizinhas. Paralelamente a essas atividades, Jésus Gonçalves, como apreciador de poesias e prosas, colabora com grande freqüência, com os jornais "Correio da Noroeste" e "Correio de Bauru".

 

As ARTES: ferramenta-bálsamo para a redenção

 

Outrora o terror, a apreensão... Hoje a alegria, o riso, a confiança.

Jésus, à direita, já com a doença: clarinetista da Jazz-Band de Aymorés.

 

 "A teu mando, milhões de açoites erguiam-se, abrindo feridas, mutilando membros, promovendo aleijões, desconjuntando corpos. Aniquilaste a alegria de viver de dezenas de cidades levando a apreensão e o terror a simples aproximação de suas tropas. Para o resgate de tais violações receberás as Artes por ferramentas, que te permitirão recompensar o terror de outrora, pela alegria do divertimento sadio que proporcionarás aos povos das cidades em que habitarás. Porém não as receberás de forma facilitada, não, porque não haverão facilidades para ti. A espiritualidade estará assistindo teu reeducar e colocará em teu caminho as oportunidades, mas competirá a ti aproveitá-las ou não."

 

 Algum tempo após o desencarne de Theodomira, surge uma companheira: Anita Vilela, sua vizinha, que lhe ajudava a cuidar do lar. Eles se envolveram e casaram-se, uma união sincera que duraria 12 anos, até o desencarne de Anita.

Vem então a grande provação na sua vida: aos 27 anos é acometido pela Hanseníase, popularmente a lepra. Ele não compreenderia naquele momento, mas era cobrado dele um tributo por reencarnações passadas. Jésus, ateu e inconformado, busca dominar a dor no seu coração e as rudes condições que recaem sobre um leproso: a rejeição e o abandono da sociedade. É obrigado a entregar as filhas do primeiro casamento à tutela de parentes e parar suas atividades profissionais que preenchiam sua alma inquieta e sequiosa de trabalho. Mas ele sofre muito: era muito difícil para ele enfrentar a nova e difícil situação.

Naqueles tempos, os doentes eram obrigados a abandonar seus empregos e viverem isolados da sociedade, trancados em suas casas ou então em leprosários. Como bom cidadão, respeitador das normas e leis, Jésus se afasta da sociedade, como era determinado pelas normas médicas em vigor na época. Os filhos mais novos, que ainda continuavam com ele, não entendiam a súbita parada nas atividades. Aposentado prematuramente passa a viver em uma moradia cedida temporariamente pela Câmara Municipal. Apesar disso continua a escrever para o "Correio da Noroeste".

João Martins Coub, um amigo que compreendera o sofrimento de Jésus, cede-lhe um espaço de sua fazenda, e lá ele se dedica ao trabalho do lavradio, cultivando melancia e outras frutas, com a mesma fibra de sempre, buscando nesta atividade afogar a mágoa que a doença lhe impunha.

Mas foi por pouco tempo: em agosto de 1933, ele é recolhido pelo Serviço Sanitário e é internado no Asilo-Colônia Aymorés, recém-inaugurado em Bauru. Por esperar por esse momento, Jésus não apresenta resistência para a internação, o que causa surpresa aos funcionários da Saúde Pública, que normalmente enfrentavam grande resistência dos doentes. E apesar da reação resignada e de conformismo, é nessa época que ele se questiona sobre Deus: "Onde estava o Deus de que tanto se falava?" e entra num momento de revolta íntima.

Na Colônia Aymorés, em Bauru, onde fica de 1933 a 1937, Jésus mostrava-se mais resignado com a convivência com os semelhantes e irmãos na dor, e é chamado de "mestre" por sua imensa disposição e capacidade de trabalho. Num curto espaço de tempo, internado no asilo, Jésus consegue várias amizades sinceras.

Apesar da revolta e das frustrações, ele nunca se deixou levar à ociosidade e ao desânimo. Participa da criação de um pequeno jornal interno do asilo: "O Momento"; escreve e participa de peças teatrais; ajuda na criação do "Jazz Band de Aymorés"; e participa da equipe de futebol.

  

 A inquietude da alma, que outrora foi motor de ódio e guerras em vidas pregressas, hoje movia-o para trabalhos edificantes, construindo obras, levando-o a busca até a conversão...

 

Na época, Jésus sofria muito com problemas no fígado e buscava a transferência para o Hospital Padre Benta em Guarulhos, que possuía fama de oferecer melhores serviços médicos. Mas suas cartas paravam nas mãos do Diretor do Sanatório Aymorés, que não queria perder seu mais ativo e dinâmico interno. Em setembro de 1937 consegue driblar todos os empecilhos e obtém a transferência para "Padre Bento". Mas não conseguiu chegar até lá: durante a viagem, as dores no fígado o obrigaram a parar em Itú para receber assistência médica, e ali ficou no Hospital de Pirapitinguí, convencido pelo diretor do hospital, com promessas de melhores cuidados médicos.

 

Em Pirapitinguí, Jésus logo se revela o mesmo indivíduo de destaque, um líder natural entre os internos, conquistando logo a admiração e o respeito pelo seu caráter reto e íntegro e pela sua capacidade de realização e trabalho.

Fundou ali a "Jazz Band”, a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e um jornal interno, o "Nosso Jornal".

Mas doença avança lenta e penosamente, tomando-lhe o corpo, e os medicamentos se tornam cada vez mais inoperosos. A dor, a angústia e a solidão levam o indivíduo a buscar Deus. Com Jésus Gonçalves não seria diferente, mas ele O nega ainda, procurando-O somente nas vestimentas do trabalho, da atividade artística, da criação.

Ninita, uma amiga do hospital a quem posteriormente se uniria em matrimônio, era estudiosa da Doutrina Espírita e tentava inutilmente esclarecer a mente materialista do ateu Jésus.

Jésus com Ninita, última companheira de Jésus.

 

 Em 1943 Anita desencarnou, e no velório da mesma aconteceram diversos acontecimentos mediúnicos de clarividência de alguns colegas seus e finalmente Anita passou uma mensagem para ele de uma forma bastante íntima onde Jésus não teve dúvidas da veracidade das informações: "Velho, não duvides mais, Deus existe!".

Extremamente materialista ainda, mas bastante impressionado, buscou nos livros Espíritas as explicações para o contato. O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, foi o marco inicial da grande transformação que ocorreria em seu ser.

Sua conversão definitiva ocorreu certo dia em que suas dores no fígado se apresentavam bem mais fortes que de costume. Os remédios não surtiam efeito e resolveu então chamar por aquele "deus" no qual ainda não acreditava: retirou um copo de água da talha, colocou-o na mesa da cozinha, e desafiou:

– Se Deus existe mesmo, dou cinco minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie a dor!

Quando bebeu a água sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. Após 2 minutos nada mais sentia em dores, e ficou ao mesmo tempo agradecido e espantado. Reexamina então as suas bases materialistas e nos dias seguintes, já com suficientes provas e chamamentos, pôs-se a buscar nos estudos de obras espíritas as respostas que sempre procurou.

"Dor-auxílio": por duas vezes, suas dores no fígado mudaram totalmente o rumo da sua vida.

 

A Doutrina Espírita saciou-lhe a sede de explicações, fez-lhe beber nas fontes da lógica e do bom senso, a água límpida da Verdade. Buscou elucidar seus companheiros e irmãos na dor com a noção de Justiça Divina e submissão a dor, e como sempre, tudo fazia junto aos internos para melhoria da vida comunitária no Hospital. Nesta época, rejeitou o apelido "mestre", pelo qual era chamado desde Aymorés, devido a sua reconhecida superioridade intelectual e temperamento de líder.

Dedicou-se então, com o mesmo empenho que lhe era característico da alma, a construção e edificação de um centro espírita em Pirapitinguí. Devido à falta de recursos, buscou ajuda junto às comunidades espíritas para a construção do centro e estabeleceu um elo sem precedentes entre os leprosos e a sociedade. Sua iniciativa desperta os companheiros de Doutrina em diversas localidades, e as respostas não tardam a chegar, emprestando solidariedade moral e material à Campanha. Diversas caravanas Espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos. Estas caravanas pioneiras abriram novas frentes de trabalho, não só aos praticantes da Doutrina, mas incentivando também outras religiões em iniciativas semelhantes.

Fundou em 1945 a "Sociedade Espírita Santo Agostinho", após muito estudo e superação de grandes dificuldades, que também trouxeram amizades e solidariedade de muitos que o apoiaram nesta época. Jésus participou ativamente das atividades do "Santo Agostinho", sempre movimentadas por um espírito de ação e dedicação sinceras: distribuição de sopa aos mais necessitados do Hospital, palestras de estudos e elucidação dos companheiros, orientação espiritual, sessões de desobsessão.

A doença, já em estado bastante evoluído, tirava os movimentos de Jésus, tomando-lhe a capacidade de trabalhar e de estar fisicamente nas atividades do "Santo Agostinho", que tanto lhe preencheram a alma nesta fase da sua vida. Porém tudo fez para não se afastar do trabalho, e construiu uma casinha nos fundos do centro.

Vinte dias antes de desencarnar, um fato marcou profundamente Pirapitinguí e o coração dos espíritas: com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo, e também as cordas vocais, foi à sessão espírita e para a surpresa das 300 pessoas presentes, os Mentores da Casa devolveram-lhe a voz e aí fez uma preleção de quase 2 horas de elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da preleção Jésus simplesmente perdeu novamente a voz. Na semana seguinte, o fenômeno se repetiria pela última vez.

 Ele sofreu muito nos últimos dias, o seu corpo estava completamente deformado pela doença, seu rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar. Apesar das tentativas médicas, e lentamente desligava-se do corpo físico. E sua alma então libertava-se de sua existência árdua e espinhosa, mas, sobretudo, purificadora. Pelo sofrimento, pôde encontrar o caminho que nos leva à Cristo, e pelo trabalho pode plantar novas sementes na sua história. Em 16 de fevereiro de 1947 desencarna Jésus Gonçalves, o Apóstolo de Pirapitinguí, o Poeta das Chagas Redentoras.

Jesus Gonçalves, depois de desencarnado, pediu que lhe chamassem Jésus, pois achava-se indigno de usar o mesmo nome de Jesus.

A COMPROVAÇÃO DA VIDA APÓS A MORTE


Jésus envia a Chico Xavier os mais variados relatos da vida espiritual, inclusive da sua própria vida. Também enviou mensagens e poemas, cumprindo o que disse a Francisco Xavier, poucos dias depois de desencarnar.

Março de 1947 - Sem saber que Jésus Gonçalves havia desencarnado Francisco Cândido Xavier, reunido em Pedro Leopoldo, recebe a sua visita.

Os dois nunca haviam se encontrado, mas trocavam intensa correspondência e nestas cartas, Jésus sempre falava a Chico que o visitaria. Nesta noite, Jésus diz a Chico: “... Vim ver você! quero escrever por você..." Muito emocionado Chico recebe um poema. No dia seguinte, o Sr. Cardoso, um dos presentes, vai a Pirapitinguí e lá recebe a notícia, do desencarne de Jésus, a menos de um mês.


O primeiro contato espiritual entre Jésus Gonçalves e Divaldo Pereira Franco.

"De súbito, eu vi chegar um ser espiritual com características para mim até então jamais vistas: apresentava profundas marcas na aparência física. Um dos pés, que parecia ter os dedos amputados, estava envolto em gaze, com uma deformidade visível...”


A ALMA DO GRANDE POETA APÓS A MORTE

O Cego de Jericó

Sim! Somos cegos de espírito! Vivemos nas sombras dos caminhos da vida, como mendigos de ilusões quiméricas, como mendigos de uma felicidade que não sabemos encontrar, porque não sabemos defini-la.

Muitas vezes, nas encruzilhadas dos caminhos tortuosos, nos sentimos vencidos pelo cansaço, acabrunhados pelas desilusões, esmagados pelas dolorosas decepções. Somos cegos tateantes, que vamos e vimos, sempre pelos mesmos caminhos, num horroroso círculo vicioso.

Então, nessas horas de suprema angústia, lembramo-nos de que o meigo Rabi que curou a cegueira material do cego de Jericó pode iluminar o caminho do nosso espírito atormentado. E queremos gritar: "Jesus! Filho de Davi! Tem compaixão de mim".

Mas... Quando pensamos em nos valer do Divino Médico, eis que uma multidão de vozes nos manda calar.

Vozes sinistras, que reboam dentro de nós mesmos, com o imperativo de uma força dominante!

E ante essa multidão de monstros, constituída de nossos vícios, dos nossos mil defeitos, da nossa imperfeição moral, do nosso desejo de acomodação com os bens efêmeros e transitórios da vida material, nós nos calamos, acovardados, incapazes de fazer partir de nosso coração o grito de angústia salvador!

Sabemos que o Mestre pode nos curar. Sabemos que Ele está junto de nós, bondoso como sempre, pronto para a aplicação do "passe magistral"! Mas sabemos, ou fingimos não saber, que é necessária a energia moral do cego de Jericó.

Assim, pois, se não quisermos permanecer no vai-e-vem das curvas tortuosas, tapemos os ouvidos ao sinistro clamor da multidão nefanda e procuremos o Celestial Enviado, que habita conosco.

Procuremos Aquele que é o "Caminho, a Verdade e a Vida": aquele que pode curar o corpo e o espírito e, tapando os ouvidos às seduções deste mundo, aos preconceitos e acomodações, aos interesses mesquinhos, gritemos cada um de nós, com a força de nossa angústia, do nosso desespero, do nosso desejo de luz:

– Jesus! Meu Senhor! Põe sobre mim tuas divinas mãos e aclara o meu caminho, como o fizeste ao cego de Jericó!