Biografias
Leopoldo Machado
Líder baiano foi um dos grandes incentivadores das mocidades espíritas no Brasil.
Leopoldo Machado foi uma das figuras mais importantes do Espiritismo brasileiro. Poeta, escritor, dramaturgo, orador e ativista, ele promoveu um rejuvenescimento no movimento, com sua Campanha do Espiritismo de Vivos, em que agitou os centros, centralizados na relação com os "mortos". Leopoldo provocou uma reação e melhorou a participação de estudiosos, expositores e influenciou na realização de cursos e aulas sobre a Doutrina. Uma das maiores contribuições que ele deu foi a criação vigorosa das Mocidades Espíritas.
Graças a ele, rompeu-se o círculo fechado dos centros com a entrada de jovens no movimento. As Mocidades Espíritas representaram uma injeção de vigor e rompimento do status sonolento das entidades doutrinárias. Em decorrência do confronto de jovens com os "mais velhos" deu-se nova dimensão ao Espiritismo.
Escrever sobre a figura exemplar de Leopoldo Machado é ao mesmo tempo uma alegria ao nosso coração e um dever doutrinário de não deixar no olvido um dos maiores defensores do Espiritismo, numa época em que não só a codificação como os fiéis discípulos de Allan Kardec eram considerados fora-da-lei e, portanto suscetíveis de encarceramento. Tudo por quê? Por praticarem os espíritas a caridade segundo os verdadeiros ensinamentos vivenciados por Jesus e atualizados pelos seus mensageiros.
Como um presente régio da Bahia, onde nascera, chegara ao Rio de Janeiro, então capital do país, integrando-se, desde logo, aos demais conterrâneos seus já aqui empenhados na defesa dos postulados kardecistas, dentre os quais Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim, Alfredo Miguel e outros nordestinos, como Lins de Vasconcelos, com seu espírito conciliador.
Educador por excelência, fundou desde logo no município fluminense de Nova Iguaçu, onde fixara residência o Colégio Leopoldo, que se tornou um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino daquela região e do próprio Estado. Simultaneamente, fundou o Lar de Jesus, entregando-o, na inauguração, a sua esposa Marulha Barbosa Machado, 32 "filhas de presente, já que matrimonialmente não tivera nenhum herdeiro". Aquelas crianças, de origem carente, receberam instrução e educação segundo o Espiritismo, tornando-se, mais tarde, por concurso professoras ou funcionárias públicas, além de exemplares donas do lar.
Sem descurar de sua missão espírita, uniu-se o mestre baiano aos seus confrades do Centro Espírita "Fé, Esperança e Caridade", onde já militava João Batista Chagas, Jacques Abouab, Vitorino Eloy dos Santos, Newton Gonçalves de Barros e de outros denodados trabalhadores da causa espírita. Escusado seria dizer do impulso dado por ele ao Centro Fé, Esperança e Caridade, no concernente à defesa do bom nome da Doutrina, da ascendência social, em seus vários aspectos e acima de tudo da disseminação do Espiritismo no mundo.
Integrando-se ao grupo de expositores doutrinários da Federação Espírita Brasileira, concorreu para anular, juntamente com seus conterrâneos Carlos Imbassahy e Deolindo Amorim, a veleidades primárias de dois sacerdotes católicos, sempre em linguagem elevada e respeitosa, própria dos escritores espíritas, em relação aos seus irmãos de outra forma de pensar.
Sem prejuízos de seus afazeres no Colégio Leopoldo, dá ajuda no Lar de Jesus, no Fé , Esperança e Caridade, nos dias das suas palestras na FEB, o autor de Pigmeus contra Gigantes percorria ainda os Estados, promovendo conferências, assistidas e elogiadas por verdadeiras multidões, que acolhiam em seus corações os aconselhamentos fraternos por ele disseminados.
Nas suas excursões, observou o professor Leopoldo Machado, a conveniência da preparação, nos próprios centros, dos futuros dirigentes das entidades, ampliando-se como decorrência natural os estudos evangélicos infanto-juvenis à adolescência, sob a denominação de Mocidade, já que o termo juventude pressupõe até uma faixa de existência, enquanto a primeira abrange até a ancianidade, desde que as idéias sejam joviais.
As observações do grande expositor tiveram imediata aceitação nas entidades espíritas de quase todo o país, culminando a ele dirigido para liderar um congresso de âmbito nacional. Não obstante aceitasse profundamente sensibilizado, preferiu oferecer tal liderança à FEB, que rejeitou, sob a alegação de lá existir uma juventude espírita.
Diante disso levou ele o assunto ao conhecimento dos maiores expoentes do movimento espírita de então, de quem recebera apoio integral.
Entrou então em contato com as entidades espíritas do País e de 18 a 25 de julho de 1948, mês de férias escolares, realizou-se no Rio de Janeiro, na sede da Sociedade de Medicina e Espiritismo, o I Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil, com a presença de mais de seiscentos participantes, incluindo familiares e acompanhantes.
O evento foi um marco na história do Espiritismo em nosso país, com reflexo já agora no mundo, graças ao trabalho dos Espíritos Superiores, utilizando as novas gerações em parte decorrentes do inspirado trabalho do professor Leopoldo Machado.