artigo da semana

-MARIA BONECA E CHICO XAVIER-

Casos de Chico Xavier

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

No início da década de 70, Chico Xavier saboreava um cafezinho em conhecido estabelecimento comercial, na Praça Rui Barbosa, em Uberaba, em companhia do Dr. Jarbas Varanda e de seu filho Luciano Varanda, quando eles percebem a aproximação de uma senhora, conhecida sob a alcunha de Maria Boneca, vivendo no clima de uma loucura pacífica, mas que chamava a atenção de toda a comunidade. Muitas pessoas a ridicularizavam e brincavam com sua insanidade, já que Maria Boneca retinha, entre os braços, uma boneca que considerava como filha.

 

Maria Boneca, ao perceber a presença de Chico no interior do estabelecimento afasta-se daqueles que a ridicularizam e dirige-se ao seu encontro. E, fato inusitado, ao se aproximar de Chico, ela recupera temporariamente sua lucidez e conversa com o Chico naturalmente, como se fossem grandes amigos. Ao se despedir, abraça o inesquecível amigo, beija-lhe as mãos e se afasta. Do lado de fora do estabelecimento, ela volta a ser a Maria Boneca de sempre, vivendo em suas próprias imagens mentais.

 

Chico, com toda a espontaneidade, relata ao Dr. Jarbas:

 

– Como somos abençoados. Acabo de ser abraçado por uma rainha de França.

 

Algum tempo depois, o livro intitulado “Mãe” traz um poema do Espírito de Epiphanio Leite, em mensagem psicografado por Chico Xavier, retratando o drama de Maria Boneca cujo conteúdo retratamos abaixo:

 

 

-MARIA BONECA-

 

Espírito Epiphanio Leite

 

(Versos dedicados à dama feudal que abraçamos por devotada amiga, há três séculos, e que hoje expia, na via pública, sob a alcunha de Maria Boneca, o delito de haver exterminado o filho jovem que lhe estorvava a existência de irresponsabilidade e prazer.)

 

Reencontrei-te, por fim, esmolando na rua.

Nada recorda em ti a dama do castelo.

Lembro-me!… Dás à fossa o filho louro e belo.

Esqueces, gozas, ris… E a festa continua…

 

Depois, a morte vem… A memória recua…

Escutas em ti mesma o trágico libelo.

Choras, nasces de novo e trazes por flagelo

A sede de ser mãe que a demência acentua!…

 

Como dói ver-te agora os tristes olhos baços!

Guardas, louca de amor, um boneco nos braços.

Em torno, há quem te apupe a trilha merencória…

 

Mas bendize, senhora, a lei piedosa e austera.

Alguém vela por ti: o filho que te espera

E há-de levar-te aos Céus em cânticos de glória!…

 

Epifânio Leite de Albuquerque nasceu e morreu em Fortaleza, Ceará (1891-1942). Autor do livro de poesias “Escada de Jacó”, membro da Academia Cearense de Letras, foi juiz de Direito em Baturité, no mesmo Estado.

 

O leitor Gilberto Maluf Filho revela que interna do Lar do Idoso “Inês Maria de Jesus”, localizado na rua Visconde do Abaeté, Bairro Abadia, dirigido por dona Glória e sua família, tem a mulher mais idosa de Uberaba. Trata-se de Maria de Almeida, a conhecida Maria Boneca, com 112 anos documentados. Ela desfruta de boa saúde e é muito alegre, mas tem muitas limitações de fala e no andar. Com isso já são três mulheres identificadas pela coluna. São elas: Amélia Rosa da Silva, 110 anos, e Francisca Custódio, 108 anos. A mulher mais idosa do mundo é a japonesa Misao Okawa, com 117 anos.

 

Fonte: Jornal da Manhã-Coluna (CÁ ENTRE NÓS) jornalista Alexandre Pereira em 16 de junho de 2015. Foto: Jornal de Uberaba/ Enerson Cleiton – 10/05/2015. (blog – uberabaemfotos.com.br)

 

Extraído da página https://casadocinza.com/2019/07/03/maria-boneca-e-chico-xavier/, publicada em 03 de julho de 2019.