artigo da semana

-ROMA PODE ERRAR - TEM ERRADO - PODE, PORTANTO, INDUZIR AO ERRO-

Por José Amigó e Pellícer

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

Em nossos estudos, tomamos por ponto de partida a hipótese de que a Igreja Romana pode errar e, portanto, induzir a erro os fiéis que seguem os seus ensinos. Aquele era ponto obrigatório, pois que, admitindo a infalibilidade de Roma, fica entendido que só ela tem o direito de estudar e decidir as questões religiosas. Que Roma pode errar, como duvidar, se está provado, à evidência, que ela tem errado? E se alguém duvidar, dê-se ao trabalho de lançar a vista pela história dos papas, desses deuses sagrados pelo concílio ecumênico de 1870, e compare-a com a história dos deuses da antiga Grécia e da antiga Roma — compare-a com a de todos os dominadores dos povos, e, vendo como uns e outros seguem a mesma rotina de misérias, de corrupções, de fraquezas, de erros, de contradições, de ambições, de fraudes, de arbitrariedades, e de injustiças, concluirá por não reconhecer outros deuses e outras infalibilidades que não sejam o Deus do Céu e da Terra, e a infalibilidade da Sabedoria Infinita. Que Roma pode errar e tem errado, dizem Victor I, no segundo século da igreja; Marcelino, no terceiro século; Gregório I e Vergílio, no sexto; Bonifácio III e Honório, no sétimo; Formoso, Estevão XI e Adriano II, no nono; João XI e João XII, no décimo; Pascoal II, no undécimo; Eugênio III, no duodécimo e, no décimo quarto, João XXII; no décimo quinto, Eugênio IV, Pio II e Alexandre VI; no décimo sexto, Sisto V; no décimo sétimo e décimo oitavo, Clemente XIV; e no décimo nono, Pio VII. Que Roma pode errar e tem errado, dizem-no as heresias aprovadas por ela num dia e, no outro, condenadas; as contradições do seu ensino; os progressos da Ciência, condenados e logo depois aproveitados; as influências cortesãs dominantes nos palácios dos papas; o procedimento pouco canônico de uns, para conquistarem a tiara; e outras mil verdades, ainda desconhecidas da imensa maioria dos católicos, (8) referentes à história da falibilidade dos sucessores de S. Pedro, desconhecidas até hoje, mas que serão amanhã conhecidas e apreciadas por quantos tenham olhos de ver e ouvidos de ouvir. Felizmente, as fogueiras da Inquisição foram para sempre apagadas, não sabemos se a gosto dos infalíveis, ou se ao irresistível sopro da liberdade por eles proscrita e condenada. E, pois que Roma pode errar e tem errado, pode também induzir a erros os que das suas doutrinas se alimentam. Eis por que lhe negamos uma autoridade absoluta e inapelável nas decisões religiosas; eis por que lhe negamos o direito de impor uma fé cega; eis por que reivindicamos o direito de intervir diretamente nos negócios da nossa alma.

 

(8) Porque Deus é veraz e todo o homem falaz. (São Paulo aos Romanos, 3: 4. 23)

 

Do livro Roma e o Evangelho, traduzido do original espanhol conforme os direitos concedidos à Federação Espírita Brasileira.

 

Extraído da página https://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l99.pdf

 

Fortaleza,CE, 20/01/2022.