artigo da semana

-O DEUS DOS CATÓLICOS - O INFINITO COM LIMITES - O ABSURDO-

Por José Amigó e Pellícer

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

Segundo o critério romano quem é Deus? Deus, em sua essência, em si mesmo, é um ser infinitamente puro e perfeito, eterno, imenso, onipotente, causa do Universo, infinitamente bom, sábio, justo e misericordioso; em suma, é o poder, a sabedoria e o amor infinitos concentrados numa individualidade indefinível. Estamos conformes, de toda a conformidade, com o critério de Roma, quanto à essência da divina substância. Corresponde perfeitamente à ideia que pode fazer da Divindade o limitadíssimo entendimento do homem. Despojar a Deus de qualquer daqueles atributos, seria destruir a concepção de Deus; seria estabelecer a negação como ponto de partida e base de todas as afirmações altruísticas. E isto é perfeitamente o que faz a Igreja Romana dentro do seu critério religioso, na esfera das relações entre o homem e o Ser Supremo. O infinito limitado, o absurdo, tal o cimento da religião dos papas; mas o cimento de toda religião é Deus — e o Deus de Roma é o infinito com limitações. Pureza, perfeição, sabedoria infinitas, limitadas, no entanto, por uma impureza, por uma imperfeição, seria um erro eterno; seria o mal absoluto, seria um dos resultados da obra de Deus. Neste caso o poder infinito para o bem seria limitado pelas conquistas do Espírito maligno, pois revelam claramente a importância divina(9) ante o poder de uma das suas criaturas. A bondade infinita seria limitada pela criação da imensa multidão de Espíritos predestinados a eternos sofrimentos. A misericórdia e o amor infinitos teriam seu limite à porta do horrendo  calabouço dos miseráveis réprobos. A justiça infinita seria limitada pela injustiça de bárbaros e exagerados castigos, e pelas preferências caprichosas entre os Espíritos angélicos e humanos, entre estes, principalmente, pois, sendo definitiva a sua sorte depois da existência corporal, para que fosse justo o castigo e imparcial o prêmio, seria preciso que todos soframos iguais provas, assim como contrariedades e tentações em condições idênticas. Se, pois, aceitamos o critério de Roma quanto à evidência divina, muito longe estamos de respeitá-lo como guia fiel e intérprete infalível no que entende com as relações entre as criaturas e o Criador; mas, tão longe mesmo, que não vacilamos em considerá-la a principal causa das divisões e cismas da Igreja, da indiferença religiosa, do positivismo, e do materialismo que tão audaz se ostenta em nossos dias. O absurdo não pode dar outro fruto que não seja a negação. O absurdo religioso conduz, primeiro, à divisão, ao cisma, e conclui pela indiferença e pelo ateísmo. Estamos na última fase do Catolicismo Romano.

 

(9) Ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe as joias, sem que primeiro prenda o valente, para depois lhe saquear a casa. (Marcos, 3: 27)

 

Do livro Roma e o Evangelho, traduzido do original espanhol conforme os direitos concedidos à Federação Espírita Brasileira.

 

Extraído da página https://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l99.pdf

 

Fortaleza,CE, 27/01/2022.