artigo da semana
-COVARDIA - A NOSSA LOUCURA - OS PRUDENTES E OS LOUCOS DO SÉCULO-
Por José Amigó e Pellícer
Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)
Capítulo XII
Primeira parte
Ronca a tempestade por sobre nossas cabeças. Como não, se somos fracos e dizemos a verdade aos poderosos? Quando deixou de ser ridicularizada ou perseguida a verdade que opõe diques a erros e abusos inveterados? Desgraçadamente, as sociedades estão organizadas de modo que, embora muitos lhe conheçam os abusos, poucos se acham com a coragem de denunciá-los e de afrontar as consequências da sua ousadia.
Já sabemos, portanto, o que nos espera: ódios da parte de uns e comiseração da parte de outros. Em troca, olharemos para uns e outros com amor.
Estamos possuídos da loucura espírita que consiste no ensinamento da lei moral pela caridade, e marchamos de conformidade com essa lei.
Loucos no meio de um século de egoísmo, fazemos o sacrifício do nosso amor-próprio e de nossas comodidades, e seguimos, até onde no-lo permitem nossas fracas forças, as pegadas de Jesus Cristo.
O que sentimos, o que firmemente deploramos, é não termos a necessária virtude para imitar a Jesus Cristo em todas as nossas ações.
Não somos ainda tão loucos quanto devíamos ser, para nos podermos dizer fiéis imitadores do que morreu para testemunho da divindade da sua loucura.
Por que não chamam loucos aos padres, os bispos, os arcebispos, os cardeais, os papas, e, em geral, os dignitários da Igreja? Por quê? Não é difícil adivinhá-lo.
O deus do século é o bezerro de ouro, e o século chama sensatos aos que possuem o precioso metal de que se fabrica o seu deus.
O espírito do século é a mercancia, e o século reconhece, por filhos seus, os que sabem mercadejar e obter pingues gorjetas.
A moral do século é a comodidade e os prazeres, e o século aplaude os que gozam e desfrutam as comodidades da Terra.
O século não inquire de linhagem nem de procedências, não pergunta a quem quer que seja donde vem e para onde vai, toma as coisas tais quais se apresentam, e limita-se a perguntar a cada um por sua posição e riqueza, para exclamar: vós homens do negócio, do bem-estar e da fortuna, vinde a mim, porque sois filhos da sensatez resultante do positivismo utilitário, e vós, pobres do coração, que antepondes ao negócio a consciência e o dever, e não tendes sabido ajuntar os presentes da fortuna, passai à minha esquerda; não sois meus filhos; sois uns néscios e uns loucos, dignos do sarcasmo e do desprezo.
Da página https://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l99.pdf