artigo da semana
-AS NOSSAS ESPERANÇAS A RESPEITO DOS CATÓLICOS, DOS INDIFERENTES EM RELIGIÃO E DOS MATERIALISTAS-
Por José Amigó e Pellícer
Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)
Capítulo XIV
Primeira parte
Alguns nos lerão com imparcial critério e virão a nós.
Sorri-nos a esperança de que estes serão em maior número, porque o maior número sente a imperiosa necessidade de encher o vácuo que os sofismas religiosos deixaram em seu coração.
Cedo ou tarde, quantos se dedicarem de boa-fé ao estudo da natureza humana, em suas relações com a Divindade, se recolherão à sombra das consoladoras crenças por nós aceitas, porque reconhecerão que elas são necessárias, e que não é o Espiritismo uma escola fanática, impregnada de misticismo fantástico, como geralmente se crê, mas sim uma doutrina racional, sancionada pela lógica e confirmada pelos fatos.
Os católicos sinceros, que seguem e observam os ensinos de Roma, porque vivem na persuasão de que são os únicos verdadeiros, como fiel expressão das prédicas de Jesus, abraçarão com entusiasmo o Espiritismo, considerando bem a estreiteza e as tendências acomodatícias do critério dos papas — e a pureza evangélica da moral que a nova escola tem por fim restaurar e difundir.
Não aceitam, por seu credo, o Evangelho?
Pois venham ao nosso campo, que também invocamos o Evangelho e o proclamamos como de origem celestial, e mais que celestial, divina.
Queremos, porém, o Evangelho em sua pureza cristã: não corrigido nem aumentado ao sabor dos interesses e caprichos dos homens.
Perscrutai o Evangelho, católicos romanos; perscrutai bem, e dar-nos-eis a mão, e unir-vos-eis a nós no empenho de cooperarmos para o renascimento da verdadeira fé, pois que vereis com a maior claridade que, se Jesus Cristo foi o reflexo do pensamento de Deus, Roma está hoje muito longe de refletir o pensamento de Jesus Cristo.
Também aguardamos a vinda dos indiferentes, daqueles cujo indiferentismo provém menos do apego aos gozos materiais, que das contradições onde pensavam encontrar a solidez da verdade e a fonte de suas crenças.
Esses tampouco se ocupam com a existência de Deus e com a sobrevivência da alma; não porque neguem interiormente uma e outra, mas porque a sua razão não pôde transigir com os erros palpáveis que obscurecem a concepção daquelas duas afirmações. Desapareça a contradição, fale-se de um Deus verdadeiramente justo e sábio, e de uma vida futura, sem castigos ferozes e prêmios imerecidos — e eles deixarão, com íntima satisfação, sua indiferença, em parte justificada.
Igual esperança, alimentamos quanto aos materialistas, que o são, não por sistema, mas por não terem encontrado terra firme no espiritualismo das religiões existentes.
Veem nelas a confusão, e preferem o vácuo, porém o vácuo é um abismo sem fundo — e o abismo é o desespero.
Quem se afoga busca uma tábua, o que se sente afogar no espaço, agarra-se à corda que mão benfazeja lhe atira.
A tábua salvadora, que nós lhes oferecemos, é o estudo do Espiritismo, no qual poderão saborear os princípios de uma filosofia robusta, e adquirir uma fé consoladora e firme baseada em fatos irrecusáveis.
Católicos, indiferentes, materialistas, homens de bom senso, estudai.
Não vos pedimos uma adesão fácil; pois sabemos, e vós sabeis, ao que conduz a aceitação, sem reflexão, das crenças religiosas.
O que vos pedimos — o que vos aconselhamos — e, fazendo-o, cumprimos um dever que não podemos calar, é que estudeis e compareis.
Publicado na página https://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l99.pdf