artigo da semana
-PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS-
Por José Amigó e Pellícer
Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)
Capítulo XVI
Primeira parte
Moisés, escrevendo no primeiro capítulo do Gênesis, versículos 14 e 15, que Deus criou os astros para luzirem no firmamento e alumiarem a Terra, expôs literalmente a opinião vulgar de seus contemporâneos, e porventura a sua própria, pois que, se, como legislador, era ilustrado, como astrônomo não resplendia em tão elevada altura.
Viu que as estrelas luziam e alumiavam e acreditou piamente que o Supremo Criador as havia engastado nas superiores abóbadas, para luzirem e alumiarem. E, como havia concebido, assim o escreveu no primeiro dos livros que compôs para recolher a tradição e referir a história do seu povo.
Apesar da categórica afirmação de Moisés, o certo é que os astros foram criados por Deus para algo mais que alegrar a Terra com sua luz e nenhuma dúvida temos de que o caudilho do povo hebreu teria opinado conosco, se soubesse que, além do firmamento, rolam milhões de milhões de astros cuja luz não atinge a Terra.
Para que fim pôs Deus esse infinito número de astros que se banham nas imensidades do éter, muito além do firmamento de Moisés?
Este nos disse que foi para alumiar a Terra; mas, uma vez que tal não se dá, força é convir que, longe de supor-se um erro de cálculo no Legislador do Universo, deve-se ter por certo que Moisés se equivocou.
O equívoco do caudilho hebreu desaparece no entanto, se, em vez de se tomarem pela letra os versículos citados, se procurar o conceito que deles decorre.
Subordinando-se todos os demais astros à Terra, e esta, segundo os versículos 28, 29 e 30, ao homem, segue-se que as luzes do céu foram criadas para iluminarem as humanidades, e não somente o nosso planeta.
Deste modo, Moisés, divinamente inspirado, estabeleceu uma grande verdade, desconhecida dele e dos homens do seu tempo; pois não há dúvida de que as estrelas foram criadas para alumiarem e darem vida à Humanidade.
Sendo assim, é não menos certo que o número dos astros cuja luz não chega à Terra excede infinitamente o dos que vemos brilhar em torno dela, e podemos, em boa lógica e, autorizados pelo Gênesis, deduzir que a Humanidade não está limitada aos homens que povoam a superfície do planeta, pois são muitos — muitíssimos, inumeráveis — os mundos habitados espalhados pelo Universo, e toda a criação canta a glória e a sabedoria de Deus, visto que em toda ela há seres capazes de conhecê-Lo e adorá-Lo.
Esta verdade confirmou-a Jesus, quando disse: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”(24)
Que casa e que morada são essas de que nos fala Jesus, senão a Universo e os mundos que servem de habitação aos homens, infinito Universo, e digno da imensidade de Deus, porém, com mundos limitados como as criaturas a quem servem de moradas?
Só a ignorância poderia imaginar que o nosso planeta, o pigmeu dos astros, miserável grão de areia no espaço, merecesse a preferência e a homenagem sobre os demais corpos celestes.
Só o orgulho do homem da Terra, porventura dos menos elevados na escala do progresso, poderia atrever-se a pôr limites à criação, supondo que toda a Humanidade estava reduzida ao seu mundo. Como era de esperar, a Ciência está de acordo com as palavras de Jesus e com o pensamento que Moisés exprimiu, sem penetrá-lo.
As vistas do astrônomo, rompendo pelo telescópio enormes distâncias, fixaram-se em outros astros, e descobriram neles todas as condições de vida que enriquecem o nosso.
E como seria ofender a Deus, em Sua sabedoria, supor que Ele criou mundos em condições inúteis e desnecessárias, mais uma vez se demonstra que não é a Terra a única habitação dos homens.
Moisés, Jesus Cristo, a Ciência, atestam a pluralidade dos mundos habitados; e,
pois, os que outra coisa afirmam, pecam contra a Ciência, contra o Evangelho e
contra o Gênesis.
(24) João, 14: 2.
Publicado na página https://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/l99.pdf