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-IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ESPIRITUAL - DECEPÇÕES - O QUE SE DEVE PROCURAR OBTER DAS COMUNICAÇÕES-

Por José Amigó e Pellícer

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

Parte Segunda

 

Capítulo IV

 

A comunicação espiritual é um ato de tanta gravidade e transcendência, que nenhum outro, na vida do homem; lhe pode ser comparável. Por seu intermédio, alcançamos a verdade psicológica e a felicidade, que se elevam sobre tudo o mais a que possa o homem aspirar.

 

É o telescópio que põe ao alcance da nossa vista a mundo a que seremos trasladados após a presente peregrinação — e que nos faz conhecer a sorte que nos espera como fruto de nossas obras.

 

Pela comunicação, a misericórdia do Altíssimo descerra o véu que nos ocultava o porvir, nos envia um raio da sua divina luz, e nos alenta e fortalece.

 

Aquele que considera a comunicação como coisa leviana e sem valor, condena-se à perda dos alicerces de suas mais seguras esperanças. Não lhe resultarão dela nem consolos, nem convicções, nem conselhos úteis, nem acrescentamento de virtudes, nem qualquer coisa que possa contribuir para sua felicidade; pelo contrário, será ela em suas mãos o que é perigosa arma nas mãos de uma criança; será qual corrente de ofuscações e manancial de decepções.

 

Qual o fim a que devemos propor-nos pelas comunicações?

 

Este ponto é essencialíssimo — e recomendamo-lo, com o maior empenho, a quantos se dedicam ao estudo da filosofia espírita.

 

Talvez não tenha ele sido bastante meditado; ou, se o tem sido, não se tem feito na prática as convenientes aplicações.

 

Tem-se dado demasiada importância aos fenômenos físicos — ao fato material da comunicação, em prejuízo da moralidade do ato, que deve ser seu guia e fim. É por isso que as reuniões espíritas ainda têm, aos olhos da multidão, certo aspecto ou caráter teatral e fantástico, completamente estranho à majestade atraente das doutrinas evangélicas.

 

Tudo que não seja procurar, pela comunicação, o melhoramento dos costumes, a começar por nós mesmos, é perder e profanar uma graça de inestimável valor, que cessará pelo seu mau uso.

 

Somos discípulos recém-chegados à escola espírita e não alentamos, nem jamais alentaremos, a pretensão de nos arvorar em mestres do seu luminoso ensino. Somos, porém, discípulos animados de bons desejos, de convicções e de fé, e invocamos este título a fim de se compreender que nossas observações procedem de um bom propósito e se dirigem à remoção dos obstáculos que possam retardar, por mais ou menos tempo, a vitória do Cristianismo.