artigo da semana

-A COMUNICAÇÃO É UM FATO - COMO A JULGAM OS DESPREOCUPADOS E A IGREJA-

Por José Amigó e Pellícer

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

Parte Segunda

 

Capítulo V

 

Se somos vítimas de uma alucinação, de uma ilusão da esperança, de um desarranjo mental, de um erro com a máscara da verdade!... cem vezes nos tem vindo ao pensamento e outras tantas têm sido as nossas dúvidas dissipadas pela realidade.

 

A comunicação espiritual é um fato, dizia-nos a pena que a mão punha em movimento sem o concurso da vontade; a comunicação espiritual é um fato, ajuntava o testemunho de milhares de homens de irrecusável autoridade; a comunicação espiritual é um fato, ajuntavam o Antigo e Novo Testamento.

 

Podemos suspeitar, sequer, que se tenham posto de acordo, para seduzirem-nos e enganarem-nos, o testemunho dos nossos próprios sentidos, a autoridade humana, e as Sagradas Escrituras?

 

Tão pouco é o que o homem conhece das leis e da natureza dos seres, que a sua marcha pelas vias do progresso se faz lentamente e às escuras.

 

Sua ignorância torna-o suspicaz — e fá-lo receoso de dar agasalho às verdades que não cabem na estreiteza do seu cérebro.

 

Um fraco raio de luz o cega e ele nega a luz, até que se habitue com ela, logrando dominá-lo.

 

Vê os astros e julga que são simples faróis pendentes de sólida e firme abóbada!

 

Ai do primeiro que se atrever a desprendê-los do firmamento e arrancar a Terra do centro do Universo!

 

As verdades, porém, se impõem, apesar da ignorância dos homens, e chegará o tempo em que eles as admirarão entusiasticamente, depois de as haver repelido com desprezo.

 

O que sucedeu com as leis cosmológicas, com a eletricidade, com o magnetismo, em uma palavra, com cada um dos progressos científicos, sucede hoje com o fenômeno da comunicação espiritual.

 

Desconhecem-se suas leis e a ignorância opõe-se a reconhecer e autorizar o fenômeno. Os despreocupados riem-se dele, como se riram de Copérnico(44) e de Galvani(45) os despreocupados dos séculos XVI e XVIII.

 

O que diria o mundo, se eles confessassem a realidade de uma lei que não podem explicar em sua suficiência, em seu positivismo, em sua ciência universal, em sua superioridade sobre quantos acreditam que muito há a descobrir, e que nem toda a sabedoria poderá tudo alcançar?

 

Mais cordata, a Igreja Romana admite o fato da comunicação; porém, presa dentro do círculo de ferro da sua infalibilidade e do seu dogma, explica-o pela influência maléfica do diabo, recém-chegado, ao que parece, dos desertos da Tebaida, onde o tinha encadeado o bom Rafael, companheiro de Tobias. No decurso deste livro e, muito principalmente, em uma das comunicações subscritas por Maria, debate-se, com a maior profundeza e amplitude, a questão do diabo, razão pela qual nos julgamos desobrigados de fazê-lo aqui:

 

Dia chegará em que Roma se desprenderá do seu Plutão e das suas eternas fogueiras, como se tem desprendido de outras afirmações, caídas, em tempo, no completo descrédito.

 

(44) Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um matemático e astrônomo polonês que revolucionou a Ciência com a teoria do Heliocentrismo, demonstrando que a organização do Sistema Solar e os planetas — dentre os quais a Terra — orbitando em torno do Sol, contrapondo-se à antiga crença do Geocentrismo, que dizia que o orbe terrestre era o centro do Universo e ao redor do qual todos os demais astros se moviam — N. E.

 

(45) Luigi Galvani (1737-1798) foi um médico, professor acadêmico, filósofo e físico italiano, grande contributo para o estudo da anatomia humana e pioneiro na ciência da Bioeletricidade, demonstrando os padrões elétricos e sinais do sistema nervoso — N. E.

 

Do livro Roma e o Evangelho, distribuição do Portal Luz Espírita (http://www.luzespirita.org.br).