artigo da semana
-A COMUNICAÇÃO NÃO É UM FENÔMENO SOBRENATURAL NEM CONTRANATURAL - O PERISPÍRITO - HIPÓTESES-
Por José Amigó e Pellícer
Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)
Parte Segunda
Capítulo VII
A nosso ver, o ato da comunicação dos Espíritos com o homem, fantástico e, por isso mesmo, suspeito, se o considerarmos ligeiramente, não é, se bem refletirmos, senão o resultado de nova lei natural, desconhecida dos nossos antepassados, mas lobrigada pela presente geração, que a descortina, lá, nos seus longínquos horizontes — e que será do domínio das vindouras gerações.
Assim como se ignoravam, em outros tempos, a maior parte das leis cosmológicas que formam a ciência astronômica de nossos dias, a influência do vapor, a existência da eletricidade e do magnetismo, e tantos outros fenômenos e leis naturais, que têm vindo sucessivamente alentar e recompensar os esforços da inteligência humana, assim também pode permanecer, e permaneceu, ignorado, o fenômeno da comunicação, sem que isto prove contra a existência da lei por virtude da qual se produz esse fenômeno.
Jesus, como Galileu, foi vítima do ridículo e do anátema da igreja oficial; entretanto, a Terra continua girando em torno do Sol, conforme os ensinos de Galileu, e as doutrinas evangélicas transformaram a Humanidade e conquistaram o império moral do mundo civilizado.
Os progressos realizam-se através dos séculos, com admirável sucessão, sem violências nem impetuosos abalos. O solo não recebe a semente sem ter sido convenientemente preparado, e a semente não se converte em saboroso fruto, senão depois de ter triunfado dos ventos e das tempestades.
Moisés preparou o coração dos homens — e Jesus derramou nele a semente santa do Evangelho. Newton não podia nascer antes de Galileu.
A ideia da pluralidade dos mundos não teria alcançado carta de naturalização entre os homens, se antes o telescópio não tivesse posto o mundo planetário ao alcance da sua investigadora atividade.
O fluido eletromagnético rasgou novos horizontes, ignorados panoramas, às investigações humanas; e talvez não esteja longe o dia em que o estudo dos fluidos nos leve ao descobrimento dessa lei natural que pressentimos sem conhecê-la: o fenômeno, tão combatido e condenado, da comunicação dos Espíritos.
São Paulo, em sua primeira epístola aos coríntios, afirma que o homem tem dois corpos: um animal, pelo qual o Espírito comunica com o mundo material; outro, espiritual, fluídico e incorruptível, que serve de intermediário entre a alma e o corpo material.
Desta opinião participaram sábios eminentíssimo, desde a mais remota antiguidade, e participam a escola espírita, que distingue o corpo espiritual, com o nome de perispírito. Este nos dá a chave dos fenômenos psicológicos, e, sem ele, seria de todo incompreensível à manifestação ou influência do princípio inteligente sobre o organismo humano.
Ele é também um raio de luz no mistério da ressurreição da carne, que seria inadmissível, caso se referisse à ressurreição dos corpos animais.
Com tais precedentes, a obscuridade que envolve a comunicação espírita cessa completamente e começa-se a ver, com alguma claridade, a existência da lei que rege o fato.
Duas coisas há a estudar no fato da comunicação a transmissão do pensamento e a força que dirige o movimento da pena ou de outro qualquer objeto. A primeira, isto é, a transmissão do pensamento, pode ser o resultado de uma corrente fluídica entre o Espírito livre que se move no fluido universal e a inteligência do homem; a segunda, isto é, o movimento da pena ou outro objeto, realiza-o o Espírito com o seu invólucro fluídico sobre o fluido em que se acham mergulhadas as moléculas materiais do objeto em que se exerce a atividade do mesmo Espírito.
Isto que acabamos de dizer, não o damos como afirmações indiscutíveis; pois que não nos presumimos mestres em tão difíceis matérias.
Apenas o indicamos aos que podem, com maior proficiência, levar além seus estudos, para que os cépticos se persuadam de que o Espiritismo está na posse da verdade e da fé, pelas vias da Ciência.
Do livro Roma e o Evangelho, distribuição do Portal Luz Espírita (http://www.luzespirita.org.br)