artigo da semana

-AUTENTICIDADE DAS COMUNICAÇÕES-

Por José Amigó e Pellícer

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

Parte Segunda

 

Capítulo VIII

 

Com raras exceções, as comunicações escritas são assinadas pelo Espírito que as dita. Seus nomes são às vezes desconhecidos; porém, muitas outras, são de amigos ou de personagens que, por seu saber ou virtudes, se fizeram conhecidas na História da Humanidade. No primeiro caso, não há dificuldade, pois que, não sendo o Espírito conhecido, julgamo-lo pela comunicação que dá; no segundo, porém, quem nos assegura a autenticidade da assinatura, quem nos assegura que foi realmente o Espírito do nosso amigo, que moveu a mão do que escreveu o comunicado e, bem assim, que foi a personagem histórica que revela essa assinatura?

 

Essas dificuldades, no entanto, são mais aparentes do que reais, e não devem ser motivo de desânimo na continuação da prática da mediunidade. Ainda mais. Essa incerteza é necessária e proveitosa; já porque nos leva a estudar a verdade da comunicação, pondo-nos em constante vigilância contra as sugestões que possam induzir-nos a erro e desviar-nos do caminho do bem; já porque, por ela, se nos reserva completa liberdade de arbítrio e o mérito de nossos atos morais.

 

A autenticidade das assinaturas só poderia ser provada, de maneira indubitável, pela visão constante dos Espíritos — visão que seria nada menos que a evidência da nossa sorte futura e a anulação completa da nossa atividade individual.

 

A evidência da autenticidade das assinaturas não poderá ser absoluta; porém, poderá sê-lo quanto seja suficiente para tranquilizar-nos. Já que não podemos verificar com segurança, pelos sentidos, que o Espírito que nos fala é o que diz falarnos, empreguemos todos os meios racionais para não sermos vítimas de uma substituição de nome que pode prejudicar-nos, do mesmo modo que sucede em nossas relações sociais, por causa da identidade da pessoa que nos escreve, sobre assunto de importância.

 

Que faz quem recebe uma carta, em que se lhe ordena ou pede a entrega de valores ou documentos de grande interesse, a pessoa desconhecida, no caso da firma da carta ser a da pessoa que tem o direito de dar essa ordem? Consulta detidamente o conteúdo da carta e observa se está escrito de conformidade com os precedentes que essa firma oculta - estuda se envolve alguma contradição ou conceito em desarmonia com os pormenores do assunto, e, se nada lhe provoca suspeita, entrega os valores ou documentos, sem desconfiança e sem receios.

 

Poderá acontecer que haja um engano; porém, nem tais enganos são comuns, porque, se dão uma ou outra vez, não interrompem a boa marcha das relações sociais.

 

Pois bem; quando, em uma comunicação, virmos aparecer à firma de um amigo, de um irmão, de uma mãe, ou de qualquer pessoa que foi da nossa intimidade, estudemos se o caráter da comunicação está em harmonia com o da pessoa que a deu; e, se depois de escrupulosa e severa análise, reconhecermos perfeita conformidade, por que duvidarmos da autenticidade?

 

Se vier ela firmada por um Espírito de cuja elevação não podemos duvidar, atento o nome que conquistou durante a sua passagem pela Terra, temos o direito de exigir pensamentos elevados, conselhos úteis e proveitosos ensinos, consoantes com seus predicados em saber e em virtudes; e, se esta consonância se patenteia na comunicação, razão não temos para suspeitar da veracidade da firma, pois não é presumível que um Espírito elevado substitua outro, sem ser por delegação deste. Pelo fruto se conhece a árvore, disse o divino Mestre.

 

Façamos aplicação desta prudente máxima; julguemos os Espíritos por seus frutos, que são as comunicações — e, respeitando e aceitando as que nos encaminham para Deus, pela prática do bem, larguemos de mão as outras que, excitando a nossa concupiscência, tendem a desviar-nos do amor de Deus e do cumprimento do nosso dever.

 

Do livro Roma e o Evangelho, distribuição do Portal Luz Espírita (http://www.luzespirita.org.br)