artigo da semana
-DESCONFIANÇA PRUDENTE - PRECE - EVOCAÇÃO-
Por José Amigó e Pellícer
Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)
Parte Segunda
Capítulo IX
As comunicações frívolas, mesmo que sejam dignas de estudo, não por si, mas pelas considerações a que se prestam, produzem mais mal do que bem; pelo que, o dever do médium, que aspira a colher da sua faculdade o melhor fruto, é evitá-las, procurando sujeitar seus trabalhos mediúnicos ao critério de pessoas ilustradas.
O médium pouco cauteloso é frequentemente vítima de certos Espíritos que, sob a aparência de moralizá-lo e guiá-lo, o arrastam aos maiores absurdos.
A experiência nos ensina que se deve desconfiar das comunicações devidos aos esforços individuais e isolados.
Sem ir mais longe, vemos que os médiuns de que atualmente dispõe o Círculo Cristão-Espiritista de Lérida, por cujo intermédio temos conseguido em nossas sessões importantíssimos resultados, alguns dos quais vêm consignados nesta segunda parte, se têm achado na dura necessidade de não praticarem a mediunidade, senão em presença de assistentes, pois que, sós, ou não obtêm resultado algum ou, se o obtêm, são comunicações insulsas — afirmações falsas, frivolidades, e contradições.
Jesus Cristo prometeu seu espírito aos que se reunissem em seu nome — no amor do Pai e em caridade, termo e ponto de partida dos ensinamentos evangélicos.
As orações coletivas, quando os que as fazem se unificam no mesmo desejo, para o mesmo fim; o melhoramento moral deles e da Humanidade e a glorificação de Deus, obram com grande eficácia e atraem as bênçãos do céu.
São uma prova de fervorosa humildade, e Deus ouve os rogos dos humildes — dos que, sentindo-se fracos e indignos dos favores superiores, unem suas aspirações em uma única e as elevam em comum. São esses, também, atos de verdadeira caridade, de solidariedade no bem, porquanto cada um deposita no acervo comum a oferenda espiritual que sai dos tesouros da sua alma, formando tais oferendas uma nuvem de incenso que eleva a Deus seus bem-aventurados mensageiros.
É esta a razão por que as comunicações alcançadas nos centros ou reuniões espíritas são incomparavelmente superiores às alcançadas por médiuns insulados.
A oração que precede ao ato de o médium tomar a pena para receber as instruções espirituais, e que deve preceder a todo ato mediúnico, recebe o nome de evocação. Dizemos que deve preceder a todo ato mediúnico, porque os Espíritos superiores sentem tanta repulsão pelos atos frívolos, como complacência em acudir aos chamados dos que lhes pedem auxílio, dispostos a aproveitarem seus conselhos. Pode assegurar-se, sem receio de que venha o fato desmentir, que os fenômenos da mediunidade, provocados e realizado sem a devida preparação, são sempre diretamente produzidos por Espíritos superficiais ou imorais.
Para merecermos de Deus as comunicações de que temos necessidade, precisamos pedi-las, mas pedi-las com fervor, recolhimento e bom desejo.
No ato da evocação, principalmente o médium, e com ele todas as pessoas que o acompanham e desejam proveitosas instruções, devem elevar o seu coração a Deus com o maior fervor, pedindo-lhe um raio da sua divina luz e a assistência de Espíritos elevados; devem uniformizar seus desejos, subordinando-os à vontade soberana — e, por último, devem ter o propósito de glorificar a Deus pela caridade, isto é, de cumprirem a lei moral que nos prescreve o amor a Deus e a benevolência para com os homens, nossos irmãos. Observando, além disto, um religioso silêncio e evitando a curiosidade, a impertinência, o orgulho e a hipocrisia, pode-se esperar, com fundamento, a intervenção dos bons Espíritos, atraídos pela bondade dos desejos, e sempre dispostos a contribuírem para o bem da Humanidade.
Meditem, no que acabamos de indicar, os católicos que temem as evocações, acreditando na existência do diabo, e reconhecerão que, mesmo que fosse real tal existência, Deus não poderia, em sua justiça, entregar-nos às sugestões daquele inimigo, quando lhe pedimos luz e proteção do íntimo de nossas almas.
Feita a evocação, como fica exposto, devem-se esperar, com respeitoso recolhimento, os ensinos superiores, provocando-os com a continuação dos bons desejos, ímã que atrai os Espíritos que ministram a palavra do Altíssimo.
E, pois que eles conhecem melhor do que nós as necessidades humanas e os meios mais eficazes de nos guiarem pelos retos caminhos da virtude, prudente será receber as inspirações que espontaneamente nos comuniquem, sem pretendermos sujeitá-los a perguntas sobre pontos determinados.
Não obsta isto a que, num ou noutro caso, os consultemos sobre questões sérias, sempre, porém, procedendo com a maior prudência e humildade, e sem esquecer que a consulta deve ter um fim moral.
Não pretendamos, jamais, descobrir por meio dos Espíritos os segredos do futuro, nem meios de abreviar nossos trabalhos mentais, nem se devemos ou não praticar o que nos prescreve a consciência; porque, em tais casos, os Espíritos que vivem na luz calar-se-ão, e virão a confundir-nos os que vivem de enganar e seduzir.
Do livro Roma e o Evangelho, distribuição do Portal Luz Espírita (http://www.luzespirita.org.br)