artigo da semana

-ANTE PAIXÕES-

Por Joanna de Ângelis / Divaldo Franco (*)

 

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

A paixão é reminiscência da natureza animal predominante no homem.

 

Leva-o a tormentos inimagináveis, escravizando-o e dilacerando-lhe os sentimentos mais nobres.

 

Irrompe, violenta, qual temporal imprevisto, devastando e consumindo tudo quanto se lhe antepõe ao avanço.

 

Desafiadora, ensandece e fulmina quem lhe padece a injunção, deixando sempre destroços, quer chegue ao ponto de destino ou seja interrompida a golpe de violência equivalente.

 

Ela é a alma dos desejos incontrolados, vestígio do instinto que a razão deve conduzir.

 

Nesse estágio de primarismo é o maior inimigo do homem, porque o asselvaja e domina.

 

Canalizada pela vontade disciplinada para objetivos elevados, transforma-se em força motriz que dá vida ao herói, resistência ao mártir, asas ao anjo, beleza ao artista e glória ao lutador.

 

*

 

Domina os teus sentidos mais grosseiros, corrigindo as más inclinações sob o comando da razão fixada em metas elevadas.

 

Transforma o fogo devorador que te consome em força que produza para o benefício geral.

 

Uma chispa descuidada ateia incêndio voraz, destruidor, enquanto as labaredas voluptuosas, sob controle, fundem e purificam os metais para fins úteis.

 

*

 

Considera a paixão de Alarico, o conquistador impiedoso, e a de Agostinho, o libertador, seu contemporâneo...

 

Recorda a paixão de Nero, o dominador arbitrário e a de Sêneca, seu mestre-escravo, a quem ele mandou matar.

 

A paixão de Herodes pelo trono e a de Jesus pela Verdade possuíam a mesma intensidade, somente que a canalização das suas forças era dirigida em sentidos opostos.

 

(*) Do livro Momentos de Meditação, publicado na página https://files.comunidades.net/portaldoespirito/Joanna_de_Angelis__Momentos_de_Meditacao.pdf