artigo da semana

-ÉS A MINHA AVÓ?-

Por Izabel Vitusso

 

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

Conhecida por sua capacidade mediúnica e por ter sido importante instrumento para os estudos da mediunidade, Elizabeth d’Espérance (1848-1919) foi desafiada e incompreendida desde muito pequena. No casarão inglês em que morava com os pais e irmãos, ela via constantemente os espíritos, embora não pudesse falar para ninguém, por que diziam que era louca.

 

Filha de comandante de navio, ela passava tempos sem o convívio com o pai, o que não interferia na grande afinidade entre ambos.

 

Foi através de uma amiga que já na idade adulta a médium recebeu o convite para participar de uma reunião com os fenômenos das mesas girantes. Mesmo argumentando sobre o absurdo de acreditarem que os espíritos poderiam falar através de objetos, ela acabou aceitando participar.

 

Desconfiada de tudo o que via e ouvia na sessão, a médium ansiava por respostas mais convincentes. Permitida sua participação nas perguntas ‘para a mesa’, ela indagou.

 

- Sabes onde se acha meu pai esta noite?

 

De acordo com o convencionado, a mesa se levantou por três vezes.

 

- Sim.

 

A pergunta se devia ao fato de seu pai ter viajado e não ter respondido às cartas enviadas, pedindo contato urgente, uma vez que sua esposa estava prestes a ser operada.

 

- Onde ele se acha, então? - continua Elizabeth a perguntar:

 

- Swensea - foi escrito.

 

- Queres dizer que ele está na cidade de Swensea, no país de Gales?

 

- Sim.

 

- Desde quando?

 

Dez pancadas indicaram dez dias.

 

- Impossível, isso não pode ser, pois sabemos que ele estava em Londres nestes últimos dias.

 

Mas a resposta se confirmou.

 

- O que está fazendo lá?

 

- Não sei.

 

- Mora em hotel?

 

- Não. 

 

- Em casa de amigo?

 

- Não.

 

- Se não está num hotel nem em casa de algum amigo, não pode estar em Swansea - contesta Elizabeth.

 

Tentando ajudar no grande enigma, um dos participantes pergunta se estaria numa embarcação.

 

- Sim.

 

- Está a bordo de um navio?

 

- Sim.

 

- Que navio? Qual o nome dele?

 

- Lizzie Morton.

 

- Não faz sentido. Ele estava em Londres para concluir pequenos negócios.

 

- É um espírito que está fazendo a mesa falar?

 

- Sim.

 

- É espírito de um homem?

 

- Não.

 

- De uma mulher?

 

- Sim.

 

- Que nome teve?

 

- Mary E.

 

- És a minha avó?

 

- Sim.

 

Um turbilhão de pensamentos começou a agitar a mente da menina médium.

 

Sem saber o que falar à mãe, ao chegar em casa, Elizabeth foi logo avisada que a tão aguardada carta do pai chegara com a notícia de que estava em Sweasea.

 

Elizabeth então narrou para a mãe tudo o que se passara na reunião, e esta propôs que  escrevessem imediatamente de volta a ele para confirmar as informações.

 

À chegada do pai na estação, Elizabeth ficou sabendo sobre os negócios que o levaram inesperadamente para outro lugar, e também seu pai logo soube do estado da saúde de sua esposa. Mas a resposta que ele mais queria saber mesmo era como ficaram sabendo que ele estava a bordo do navio Lizzie Morton.

 

Bibliografia:

 

No País das Sombras, E. D'Espérance, FEB.

 

Publicado na página https://correio.news/aconteceu-comigo/es-a-minha-avo