artigo da semana

-ALÉM DA MORTE-

Por Emnanuel / Chico Xavier

 

Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)

 

 

O reino da vida, além da morte, não é domicílio do milagre.

 

Passa o corpo, em trânsito para a natureza inferior que lhe atrai os componentes, entretanto a alma continua na posição evolutiva em que se encontra.

 

Cada inteligência apenas consegue alcançar a periferia do círculo de valores e imagens dos quais se faz o centro gerador.

 

Ninguém pode viver em situação que ainda não concebe. Dentro da nossa capacidade de autoprojeção, erguem-se os nossos limites.

 

Em suma, cada ser apenas atinge a vida, até onde possa chegar a onda do pensamento que lhe é próprio.

 

A mente primitivista de um mono, transposto o limiar da morte, continua presa aos interesses da furna que lhe consolidou os hábitos instintivos.

 

O índio desencarnado dificilmente ultrapassa o âmbito da floresta que lhe acariciou a existência.

 

Assim também, na vastíssima fauna social das nações, cada criatura dita civilizada, além do sepulcro, circunscreve-se ao círculo das concepções que, mentalmente, pode abranger.

 

A residência da alma permanece situada no manancial de seus próprios pensamentos.

 

Estamos naturalmente ligados às nossas criações.

 

Demoramo-nos onde supomos o centro de nossos interesses.

 

Facilmente explicável, assim, a continuidade dos nossos hábitos e tendências, além da morte.

 

A escravidão ou a liberdade residem no imo de nosso próprio ser.

 

Corre a fonte, sob a emanação de vapores da sua própria corrente.

 

Vive a árvore rodeada pelos fluidos sutis que ela mesma exterioriza, através das folhas e das resinas que lhe pendem dos galhos e do tronco.

 

Permanece o charco debaixo da atmosfera pestilencial que ele mesmo alimenta, e brilha o jardim, sob as vagas do perfume que produz.

 

Assim também a Terra, com o seu corpo ciclópico, arrasta consigo, na infinita paisagem cósmica, o ambiente espiritual de seus filhos.

 

Atravessado o grande umbral do túmulo, o homem deseducado prossegue reclamando aprimoramento.

 

A criatura viciada continua exigindo satisfação aos apetites baixos.

 

O cérebro desvairado, entre indagações descabidas, não foge, de imediato, ao poço de obscuridades em que se submergiu.

 

E a alma de boa vontade encontra mil recursos para adiantar-se na senda evolutiva, amparando o próximo e descobrindo na felicidade dos outros a própria felicidade.

 

Em razão das leis que nos governam a vida, nem sempre o mensageiro que regressa do país da morte procede de Planos superiores e nem a mediunidade será sinônimo de sublimação.

 

Determinadas inteligências desencarnadas se comunicam com determinados instrumentos mediúnicos.

 

Os habitantes de outras Esferas buscam no mundo aqueles com os quais simpatizam e a mente encarnada aceita a visita das entidades com as quais se afina.

 

A necessidade do Evangelho, portanto, como estatuto de edificação moral dos fenômenos espíritas, é impositivo inadiável. Com a Boa Nova, no mundo abençoado e fértil da nossa Doutrina de luz e amor, possuímos a estrada real para a nossa romagem de elevação.

 

 [1] O Livro dos Espíritos, 68-70.

 

Do livro “Roteiro”, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

Publicado na página https://www.oconsolador.com.br/ano18/906/emmanuel.html em 19/01/2025.