artigo da semana
-PSICOLOGIA E AUTOAJUDA-
Por Arleir Bellieny (**)
Uma colaboração de Estênio Negreiros (estenio.gomesnegreiros57@gmail.com)
A sociedade vive um clima de tempestade emocional, submetida a uma avalanche de informações reais e criadas (fake news). Pessoas dos mais diferentes níveis cultural e social participam de uma mesma informação tirando suas conclusões e aplicando em sua vida diária como se fossem verdades únicas. Isso promove alteração de comportamento conduzindo as pessoas a buscarem ajuda rápida, na mesma velocidade com que a informação circula. Nesse afã, os livros e sites de autoajuda entram em destaque. São inúmeras as publicações no mercado literário e virtual oferecendo técnicas de apoio, prometendo resultados instantâneos. Alguns cuidados, portanto, são necessários serem tomados, para que os resultados possam surtir os efeitos desejados. Deve-se observar que no campo da Ciência, ao buscarmos um profissional para atender as nossas necessidades, devemos saber, ou nos informar, qual a especialidade mais adequada que corresponda a nossa procura. Na Medicina, é o clínico geral quem, ao detectar a necessidade de exames mais específicos para fechar um diagnóstico, encaminha a pessoa para a especialidade adequada. Na clínica psicológica, não é diferente. Ao tomar conhecimento das queixas da pessoa, o psicólogo por ética, avalia se o caso está na competência da sua abordagem técnica, ou se deverá encaminhar para um (a) colega que melhor poderá atender o caso clínico apresentado, que certamente, irá ajudar a pessoa na resolução das questões apresentadas. O profissional da Psicologia se qualifica na área que melhor se identifica. Importante esclarecer, que a Psicologia é uma Ciência que compreende o estudo do comportamento e da experiencia humana e animal, examinada de diferentes ângulos e sob uma variedade de técnicas, muitas das quais, enfatizam a importância da evidência empírica como suporte da explicação teórica. A Psicologia Aplicada é um termo geral usado para classificar as áreas da Psicologia, cujas teorias são empregadas para lidar com situações práticas e não em situações de laboratório. “Tradicionalmente a Psicologia Aplicada inclui a Psicologia Clínica, da educação, industrial, ocupacional, e outros ramos onde as teorias psicológicas podem ser empregadas como psicologia ambiental ou o estudo das habilidades. A Psicologia clínica, portanto, se interessa pelo emprego dos insights e métodos obtidos da Psicologia teórica e da experiencia clínica a fim de dar assistência as pessoas com problemas na vida ou com dificuldades psicológicas”. (*) Os psicólogos clínicos podem ainda fazer uso de técnicas como: terapia cognitiva, do comportamento, psicoterapia, terapia de família, terapia de vida passada, alcançando um público de adultos, crianças e adolescentes, idosos, casos limítrofes, neurologia, pacientes psiquiátricos etc. Devo acrescentar que enquanto a literatura científica passa por uma validação dos pares, submetendo os achados a apreciação dos pesquisadores que estudam o mesmo tema. A autoajuda por sua vez, está a cargo da avaliação e validação do seu autor, da experiencia por ele vivenciada ou aprendida empiricamente, não passando por exames de outrem para sua validação. É notório que técnicas propostas e ensinadas nos livros e seminários, podem satisfazer as necessidades imediatas da pessoa, no grau de sua compreensão e adequação da situação proposta. As técnicas apresentadas, muitas delas extraídas da ciência psicológica, quando compreendidas e bem aplicadas, podem alcançar os efeitos desejados. Porém, a presença do psicólogo na abordagem terapêutica jamais será dispensada. Compete ao psicólogo através de uma anamnese cuidadosa, fazer um raio X dos relatos e respostas clínicas da pessoa, e, em conformidade com a abordagem que pratica, auxiliar e identificar as origens das dificuldades em lidar com as questões perturbadoras que dificultam o bem estar “biopsicossocial-espiritual” e juntos, evoluírem as mais diversas e surpreendentes cirurgias psíquicas, promovendo a liberação de conteúdos emocionais até então enclausurados no inconsciente, que motivaram padrões de comportamento que moldaram perfis de caráter que precisam ser modificados, adequando assim novos hábitos, costumes e por conseguinte, valores, na sociedade em que vive, em concordância com a cultura e o comportamento do momento atual da História, etc. Portanto, a magia da relação dual psicólogo + a pessoa, é única e intransferível, pela profundidade das técnicas, a relação terapêutica construída e a importância do sigilo profissional. A autoajuda seria um paliativo, uma pausa na jornada para respirar; enquanto o tratamento psicológico, uma cirurgia regenerativa e libertadora dos males da alma humana.
(*) Stratton, Peter e Nicky Hayes, A Student’s Dictionary of Psychology - Pioneira, SP.
(**) Arleir Bellieny, psicólogo clínico e expositor espírita internacional, é membro fundador da AME-Rio e da AME Internacional.
Publicado na revista O Consolador, Ano 19 - N° 922 - 11 de Maio de 2025.